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domingo, 14 de agosto de 2011

Dependência emocional pode colocar vida em risco


Atualmente não é incomum, ao ligarmos a TV nos noticiários, nos depararmos com notícias sobre mulheres que foram agredidas por seus companheiros, chegando ao ponto de ficarem desfiguradas e, muitas, acabam dando declarações sobre o perdão e sobre o amor. Há quem fique indignado diante de tais afirmativas e não consiga compreender como essas mulheres, mesmo após tantas agressões físicas e psicológicas, conseguem perdoar o agressor.
"Entendemos que a violência tem um ciclo. A mulher passa pela fase de lua de mel, na qual tudo está bem e ela se sente amparada, depois vem a tensão e a crise, que culminam na violência em si. Ela pensa em tomar uma atitude, o companheiro pede perdão porque se arrepende e ela acredita e retorna ao relacionamento porque espera que tudo volte a ficar bem. Vulgarmente as pessoas acham que a mulher gosta de ficar nesta situação, mas não é verdade", explicou Branca Paperete, psicóloga da Casa Eliane de Grammont, da capital paulista, que presta atendimento psicológico e de assistência social a mulheres vítimas de violências doméstica e sexual.
Em muitos casos, o que acontece também é a dependência emocional em relação ao parceiro, visto que as mulheres tendem a idealizar o relacionamento e até mesmo o companheiro, sendo difícil para elas dissociar o homem por quem se apaixonaram daquele que lhes agride. Tatiana Ades, psicanalista e especialista em relacionamentos, da capital paulista, explica que "o amor patológico, é aquele que não é saudável, no qual a codependência afetiva se torna presente e o outro se transforma no centro de nossas vidas, chamo esse processo de cegueira emocional".
"E existe toda uma educação sexista que colabora com isso", disse Branca, lembrando que muitas mulheres crescem acreditando que só serão felizes se conseguirem se casar e até mesmo os meios de comunicação acabam reproduzindo esta ideia. "Também vemos muitas mães que dizem para as filhas, vítimas de violência, que 'é assim mesmo', 'não tem jeito', 'melhor com ele', mostrando que o comportamento acaba sendo transmitido", contou a psicóloga.
A violência doméstica, infelizmente, não é um problema que acontece apenas "com o vizinho". Pesquisa divulgada pelo Instituto Avon na sexta-feira (1) informou que seis a cada dez brasileiros conhecem uma mulher que foi vítima do problema, após ouvir 1800 brasileiros em todo o País. Andrea Jung, presidente mundial da Avon, chegou a destacar que o "medo de ser morta", que é um dos principais motivos citados pela maioria das mulheres que se mantêm conectadas ao companheiro é algo comum em outras nações e, por isso, criar hotlines para atender estas mulheres é essencial para ajudar a combater o problema.
"Leis e instrumentos de repressão não farão a mudança cultural tão necessária para que a mulher que sofre de violência doméstica seja respeitada. Só a compreensão da sociedade, de que esse é um drama caleidoscópico, de muitas facetas, fará isso, disse a socióloga Fátima Jodão, conselheira do Instituto Patrícia Galvão, organização sem fins lucrativos que luta pelos direitos das mulheres e é sediado em São Paulo (SP), durante divulgação da pesquisa na mesma cidade.
E os casos que chegam na Casa Eliane de Grammont costumam ser graves, com mulheres que sofrem violência emocional e física e até mesmo correm risco de morte. "Brincamos que este é um problema democrático, porque não afeta apenas uma classe social, faixa etária, religião ou raça", lembrou.

Tem tratamento
 A dependência emocional em relação a um companheiro violento tem tratamento. "É um processo. Não acontece do dia para a noite, mas aos poucos conseguimos fazer com que essa mulher dissocie amor de violência e possessividade, porque muitas acham que são coisas relacionadas. O próprio homem acha que age por amor, por medo de perder e trabalhamos para mostrar que amor, afeto e respeito podem e devem andar juntos. Você não é do outro, você está com o outro em um relacionamento que deve ser construtivo", falou Branca.
Segundo Tatiana, as pessoas tendem a permanecer num relacionamento destrutivo, percebem que algo está errado, sentem-se infelizes, mas incapazes de colocar um ponto final. "Essa incapacidade já faz parte do problema, continuar sofrendo e infeliz num relacionamento destrutivo, mostra o quanto a autoestima da pessoa está baixa e é necessário uma ajuda profissional urgente."
Segundo a psicóloga da Casa Eliane de Grammont, nem sempre as mulheres vítimas de violência doméstica têm problemas de auto-estima. "É algo delicado. Ela não é vítima porque não se gosta ou não se acha bonita, mas sim porque não é a protagonista de sua vida. Auto-estima é diferente de passar batom ou colocar um vestido bonito, por isso não costumamos usar o termo para falar sobre mulheres que sofrem violência doméstica."
A melhor ajuda é a terapia, mas o primeiro passo é assumir que a doença existe, o segundo passo é buscar auxilio de um profissional e os grupos de apoio anônimos, como o MADA (mulheres que amam demais anônimas), o CODA (codependentes anônimos) e atualmente o HADA (homens que amam demais anônimos). "É impossível conseguir amar de forma saudável se estamos doentes, é importante manter sempre atividades que gostem de fazer e nunca abandonar nada por causa do outro, lembrem-se que o outro deve ser complemento saudável de sua vida e não o centro da mesma. Busque ajuda o mais rápido possível, amar demais é um vicio tão perigoso quanto qualquer outro e pode ser fatal", conclui Tatiana Ades.
 O tratamento inclui conscientização da mulher que é vítima, por meio de terapias e aconselhamento com profissionais especializados e também da sociedade, para que o mal não volte a se repetir. Mulheres que são vítimas podem procurar orientação em diversas instituições, como a Patrícia Galvão - (11) 3266-5434 - ou a Casa Eliane de Grammont - (11) 5549-9339/5549-0335.
(Por Juliana Crem - http://mulher.terra.com.br) 

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