Amar Demais... Um Erro!

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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Minha mãe e eu



A relação de amor e ódio entre uma filha e uma mãe.


"Tenho um sério conflito com minha mãe. Já ocorreram inúmeras vexatórias do tipo: acabar com uma festa de aniversário pelas infelizes opiniões que ela tem sobre tudo e sobre todos. Outro exemplo, o fato dela me humilhar (literalmente) em frente a pessoas estranhas à família, tipo gerente de um banco e os funcionários, que ficaram boquiabertos vendo a situação. Nesta eu saí correndo e ela atrás de mim, gritando comigo!
Às vezes me parece que o prazer maior dela é me HUMILHAR e às minhas irmãs, sempre que ela possa. Com exceção da nossa última irmã, que é a paixão da vida dela. Todas as outras ficam longe, tendo ido morar fora do país. A única que está perto sou eu e, mesmo assim, estou decidida a ir embora daqui.
Me pego pensando como pode isto? Eu amo minha mãe, mas eu detesto a forma como ela nos trata, sempre com menosprezo e demonstrando claramente que somos fracas e que não realizamos nada de substancial.
Sinceramente, não sei mais o que te dizer. Procuro respostas para entender o motivo pelo qual ainda a procuro e, principalmente por que ainda a trato bem. Você pode me dar uma luz?
Celeste/MG

Não é porque se ama uma pessoa, que se deve permanecer perto dela. Não escolhemos a quem amar, mas podemos escolher com quem nos relacionar.
No seu caso, não se trata nem de estar perto, mas de estar à mercê. Se emocionalmente você fosse menos dependente dela, não teria se sentido humilhada na frente do tal gerente e dos funcionários. Você, quando muito, teria sentido constrangimento e solicitado escusas a eles, se afastando calmamente para seguir o seu caminho, deixando para trás a senhora sua mãe, dada a esse tipo de destempero.
Por tudo que você conta em seu e-mail, você a caracteriza como uma pessoa nada racional, mas tomada por assomos de nervos e ataques de superioridade. Fica claro que ela padece de soberba, pois, por mais que ela se sentisse frustrada com as filhas, nada lhe daria o direito de desmerecer qualquer uma de vocês. Seja publicamente falando, seja na intimidade das respectivas famílias.
Muito provavelmente, ela não sabe lidar com a raiva e não tem senso de limites e de respeito às individualidades. Com certeza, também não deve ter consciência disso tudo, também. Tomada por um sério narcisismo, só enxerga o que ela quer e não consegue suportar que as filhas sejam diferentes dela, tenham vida e personalidade próprias.
Não é por menos que suas irmãs precisaram colocar um oceano entre elas e a mãe que tem. Porque só você permaneceu por perto? Talvez você se julgasse mais forte e melhor que ela. Talvez você tenha se disposto a poupar suas irmãs, fazendo-se de almofada de choque entre elas e a mãe. Talvez você ainda tivesse expectativas de que um dia a senhora sua mãe abrisse os olhos e a enxergasse direito. Talvez porque você se sentisse culpada de se afastar e seguir seu próprio caminho. Talvez porque você seja carente de mãe, mesmo. São tantos os talvez... 
Uma criança, quando é frequentemente atacada, perde a autoconfiança. Embora saiba dentro de si que a mãe está profundamente errada e que ela, criança, merece outro tipo de tratamento, faltam-lhe forças internas para se cuidar. A autoestima de uma criança assim ferida fica seriamente abalada e a maioria que vive isso ou aprende a se defender dos ataques da mãe e se afasta, literalmente, ou se dobra às intempéries da mãe e permanece para cuidar dela, para não deixa-la só.
Dificilmente a senhora sua mãe vá se submeter a algum tipo de tratamento, para aprender a lidar com a raiva. Pois ela é a ‘dona da verdade’, não é mesmo? Quem sabe você aceite fazê-lo? Pois é preciso tratar dessas feridas tão antigas e recuperar o seu senso de dignidade e inteireza, para conseguir tomar outros rumos e se fortalecer.
Pais e mães que agem desta forma são considerados tóxicos. E quem vive perto, em estreito contato com pessoas tóxicas, acabam adoecendo. Faz bem, sim, uma temporada de afastamento, físico mesmo, entre as duas. Até que você consiga discernir bem até onde você consegue conviver e tratar de uma pessoa que lhe faz tanto mal.
Não é uma questão de deixar de amar a sua mãe, mas uma questão de aprender a se amar mais, de modo a não se deixar atingir tão profundamente por ela. Muito triste, quando isso acontece conosco, quando se tem uma mãe tão ferina. Mãe ou pai destemperados fazem muito mal à psique de seus filhos. Poder-se-ia até dizer que se trata de um caso de assédio moral. E assédio moral derruba qualquer um, quanto mais quando é praticado no meio de uma família!
Também não é o caso de deixar de tratá-la bem. É preciso, porém, aprender a colocar limites, já que ela não os coloca. Ela tem idade para ser sua mãe, mas tem um emocional de uma criancinha muito raivosa, que jamais chegou a crescer nesse aspecto. Portanto, não há motivos para você se submeter a ela. Tratar bem, sim, mas não ceder, quando ela perde o senso de realidade e parte para os ataques, numa atitude totalmente sem respeito por você ou qualquer outra pessoa.
Está na hora de fantasiar menos, também, achar que em família tudo precisa correr às mil maravilhas. Nem sempre o relacionamento entre pais, filhos e irmãos é harmonioso. Diria até que a harmonia em família tem se apresentado numa frequência de exceção e não como a regra da vida. Há que ser honesta consigo também e ter coragem para reconhecer, se for o caso, que não se ama tanto assim a uma mãe, a um pai ou irmão que nos maltrata tanto.
Há pessoas que se sentem culpadas por viver com essa ausência de amor pelos seus pais ou pelos seus filhos e irmãos. Ou que sentem vergonha, têm medo do julgamento alheio, caso venham a se afastar de vez. Mas amor é o tipo de coisa que não dominamos e é possível, sim, amar de longe e, mesmo assim ficar tudo bem.
(Por Ana Fraiman - http://www.maisde50.com.br)

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