Acessos
de pânico, comportamentos compulsivos e fobias são algumas expressões da
ansiedade – um transtorno que pode ser curado.
Ser mais ou menos ansioso é um traço relativamente
estável de personalidade que se reflete na percepção de situações como
perigosas ou ameaçadoras. O estado de ansiedade propriamente dito, entretanto,
pode ser considerado um momento de ruptura que causa enorme desconforto.
Tensão, apreensão e inquietude dominam todos os outros aspectos da
personalidade e desencadeiam (ou são desencadeados) por manifestações orgânicas
– provocadas pela ativação do sistema nervoso autônomo – que vão da aceleração
do batimento cardíaco ao suor intenso, da respiração arquejante à repetição de
gestos estereotipados.
Os transtornos de ansiedade, embora associados à presença de estados de tensão, assumem diversas formas. O reconhecimento de uma matriz comum a todos eles é uma aquisição relativamente recente da ciência. O transtorno de ansiedade pode se manifestar como súbito ataque de pânico, como fobia simples (na qual se sente que a ameaça provém de estímulos bem específicos), ou ainda como fobia social (provocada quando esquemas cognitivos “mal calibrados” percebem ameaças potenciais em situações sociais banais).
Há também o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), no qual a mente é invadida por pensamentos incômodos que são exorcizados com rituais repetitivos. Pelo menos na adolescência, quase todos passamos por um período em que cultivamos pequenos rituais que ajudam a aliviar estados de ansiedade. Não são poucas as pessoas que, antes de sair de casa, têm o hábito de verificar, repetidamente, se a porta está trancada. Em geral, tudo termina aí. Mas, para quem sofre de TOC, estas atividades podem, literalmente, consumir o tempo, exigindo uma ou mais horas do dia para ser executadas, tornando as ações cotidianas mais banais extenuantes.
Esses comportamentos rituais ou compulsões são respostas destinadas a aliviar um estado de ansiedade que se manifesta por meio de ideias obsessivas e pensamentos perturbadores, dos quais a pessoa não consegue se livrar. A gama de elucubrações pode ser muito vasta, indo desde a idéia de ser infectado por bactérias que parecem estar por todo lado até a presença constante de imagens ou cenas consideradas repugnantes ou o receio de fazer mal a pessoas queridas.
Racionalmente, o paciente sabe bem que os rituais que emprega – como lavar continuamente as mãos, contar determinada série de números ou dispor os objetos segundo uma simetria particular – não têm nenhum significado, salvo o de proporcionar uma pausa momentânea na ansiedade que o incomoda.
Outra face dos transtornos de ansiedade se manifesta na fobia social, na qual a permanente impressão de ser observado e julgado muitas vezes leva a uma paralisia. Em certo sentido, pessoas que sofrem dessa fobia são incapazes de “esquecer o próprio medo” para inserir-se na situação social em que estão naquele momento.
Por vezes esse estado só se manifesta em situações específicas – como falar em público, comer, escrever ou telefonar na presença de muita gente. Em alguns pacientes, porém, os sintomas surgem até mesmo quando é reduzido o número de pessoas à sua volta. A perspectiva de enfrentar uma das situações tão temidas provoca um forte estado de apreensão dias antes. Não é raro que o sociofóbico manifeste sua ansiedade fisicamente, enrubescendo, suando ou tremendo, algo que o faz se sentir, ainda mais, como alvo de possíveis críticas. Deflagra-se então uma espiral de desconforto, sensação que persiste mesmo após a situação crítica, alimentada por pensamentos de autodepreciação e receio da opinião alheia. A fobia social pode interferir nas atividades escolares, profissionais e na capacidade de fazer e manter amizades.
Um caso particular é o transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Além de apresentar graus de intensidade – do mais leve, em que é difícil distingui-lo dos traços de personalidade, até o mais preocupante – está, muitas vezes, associado a outras formas de ansiedade e, sobretudo, à depressão maior. Para pacientes com TAG, qualquer problema (seja mal-estar físico, dificuldade no trabalho ou discussão familiar) pode ser motivo para a antecipação de situações catastróficas.
Em casos mais graves, ao levantar de manhã, a pessoa fica ansiosa só de pensar nas atividades cotidianas que deverá enfrentar. A ansiedade manifesta-se também fisicamente, por meio de cansaço, cefaléia, tensões e dores musculares, dificuldade de digestão, tremores, convulsões, irritabilidade, suor e acessos de calor. Em muitas ocasiões, o paciente percebe a desproporção entre a realidade da situação e o nível de ansiedade, mas essa consciência racional não consegue dissolver os temores que ocupam a mente. A incapacidade de relaxar repercute na força de concentração, perturbada pela constante intrusão de sentimentos de ansiedade, e na possibilidade de ter um sono tranqüilo.
Pessoas que sofrem de TAG, diferentemente das que têm outros tipos de ansiedade, não evitam situações específicas. Se o transtorno não assumir formas graves, não interferirá na capacidade de integração social e na atividade profissional. Por isso, a importância dessa forma de ansiedade foi por muito tempo subestimada. Atualmente, porém, o problema recebe maior atenção, seja porque se apresenta, com freqüência, associado à depressão maior ou porque o acúmulo da experiência clínica revelou que, nas formas mais intensas, até mesmo a execução das atividades cotidianas mais banais pode se tornar algo extremamente penoso. Diversos estudos confirmaram a existência de duas dimensões psicopatológicas independentes, uma caracterizada pelo medo, temor, preocupação e angústia, e outra pela tristeza, humor deprimido e sentimento de culpa. Desse ponto, ambas as manifestações estão presentes em todas as pessoas com transtornos depressivos ou com TAG, mas uma delas pode predominar.
Os transtornos de ansiedade, embora associados à presença de estados de tensão, assumem diversas formas. O reconhecimento de uma matriz comum a todos eles é uma aquisição relativamente recente da ciência. O transtorno de ansiedade pode se manifestar como súbito ataque de pânico, como fobia simples (na qual se sente que a ameaça provém de estímulos bem específicos), ou ainda como fobia social (provocada quando esquemas cognitivos “mal calibrados” percebem ameaças potenciais em situações sociais banais).
Há também o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), no qual a mente é invadida por pensamentos incômodos que são exorcizados com rituais repetitivos. Pelo menos na adolescência, quase todos passamos por um período em que cultivamos pequenos rituais que ajudam a aliviar estados de ansiedade. Não são poucas as pessoas que, antes de sair de casa, têm o hábito de verificar, repetidamente, se a porta está trancada. Em geral, tudo termina aí. Mas, para quem sofre de TOC, estas atividades podem, literalmente, consumir o tempo, exigindo uma ou mais horas do dia para ser executadas, tornando as ações cotidianas mais banais extenuantes.
Esses comportamentos rituais ou compulsões são respostas destinadas a aliviar um estado de ansiedade que se manifesta por meio de ideias obsessivas e pensamentos perturbadores, dos quais a pessoa não consegue se livrar. A gama de elucubrações pode ser muito vasta, indo desde a idéia de ser infectado por bactérias que parecem estar por todo lado até a presença constante de imagens ou cenas consideradas repugnantes ou o receio de fazer mal a pessoas queridas.
Racionalmente, o paciente sabe bem que os rituais que emprega – como lavar continuamente as mãos, contar determinada série de números ou dispor os objetos segundo uma simetria particular – não têm nenhum significado, salvo o de proporcionar uma pausa momentânea na ansiedade que o incomoda.
Outra face dos transtornos de ansiedade se manifesta na fobia social, na qual a permanente impressão de ser observado e julgado muitas vezes leva a uma paralisia. Em certo sentido, pessoas que sofrem dessa fobia são incapazes de “esquecer o próprio medo” para inserir-se na situação social em que estão naquele momento.
Por vezes esse estado só se manifesta em situações específicas – como falar em público, comer, escrever ou telefonar na presença de muita gente. Em alguns pacientes, porém, os sintomas surgem até mesmo quando é reduzido o número de pessoas à sua volta. A perspectiva de enfrentar uma das situações tão temidas provoca um forte estado de apreensão dias antes. Não é raro que o sociofóbico manifeste sua ansiedade fisicamente, enrubescendo, suando ou tremendo, algo que o faz se sentir, ainda mais, como alvo de possíveis críticas. Deflagra-se então uma espiral de desconforto, sensação que persiste mesmo após a situação crítica, alimentada por pensamentos de autodepreciação e receio da opinião alheia. A fobia social pode interferir nas atividades escolares, profissionais e na capacidade de fazer e manter amizades.
Um caso particular é o transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Além de apresentar graus de intensidade – do mais leve, em que é difícil distingui-lo dos traços de personalidade, até o mais preocupante – está, muitas vezes, associado a outras formas de ansiedade e, sobretudo, à depressão maior. Para pacientes com TAG, qualquer problema (seja mal-estar físico, dificuldade no trabalho ou discussão familiar) pode ser motivo para a antecipação de situações catastróficas.
Em casos mais graves, ao levantar de manhã, a pessoa fica ansiosa só de pensar nas atividades cotidianas que deverá enfrentar. A ansiedade manifesta-se também fisicamente, por meio de cansaço, cefaléia, tensões e dores musculares, dificuldade de digestão, tremores, convulsões, irritabilidade, suor e acessos de calor. Em muitas ocasiões, o paciente percebe a desproporção entre a realidade da situação e o nível de ansiedade, mas essa consciência racional não consegue dissolver os temores que ocupam a mente. A incapacidade de relaxar repercute na força de concentração, perturbada pela constante intrusão de sentimentos de ansiedade, e na possibilidade de ter um sono tranqüilo.
Pessoas que sofrem de TAG, diferentemente das que têm outros tipos de ansiedade, não evitam situações específicas. Se o transtorno não assumir formas graves, não interferirá na capacidade de integração social e na atividade profissional. Por isso, a importância dessa forma de ansiedade foi por muito tempo subestimada. Atualmente, porém, o problema recebe maior atenção, seja porque se apresenta, com freqüência, associado à depressão maior ou porque o acúmulo da experiência clínica revelou que, nas formas mais intensas, até mesmo a execução das atividades cotidianas mais banais pode se tornar algo extremamente penoso. Diversos estudos confirmaram a existência de duas dimensões psicopatológicas independentes, uma caracterizada pelo medo, temor, preocupação e angústia, e outra pela tristeza, humor deprimido e sentimento de culpa. Desse ponto, ambas as manifestações estão presentes em todas as pessoas com transtornos depressivos ou com TAG, mas uma delas pode predominar.
(Por Gianbruno Guerrerio http://www2.uol.com.br)
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