Amar Demais... Um Erro!

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sexta-feira, 18 de março de 2011

Busque a felicidade dentro de você



Para resgatarmos a alegria sem a ajuda de estímulos, é preciso fazer as pazes com a tristeza, injustamente eleita a grande vilã da atualidade.


Quem rejeita qualquer estimulo artificial que prometa trazer a felicidade, tem mais chances de encontrá-la de verdade. Porém, nas últimas décadas, cada vez mais pessoas procuram soluções imediatas e milagrosas supostamente capazes de aplacar as dores da existência: remédios, comida, compras, festas, jogo.
A urgência de se imunizar contra o sofrimento é tanta que chegam a colocar a saúde e as finanças em risco. Porém, não podemos esquecer que mais vale a estrada que o destino, e, mais que a estrada, a maneira como saboreamos a jornada. No entanto, para uma parcela significativa da população mundial, a travessia da vida deixou de ser uma aventura estimulante para se tornar um tormento.
Na verdade, a tristeza continua a mesma, uma manifestação legítima e necessária da alma, nós é que mudamos nossa maneira de encará-la. Dessa forma, ao invés de encontrar caminhos saudáveis para dar vazão a esse sentimento, seja fazendo algum tipo de terapia, praticando exercícios físicos - geradores de endorfina, o hormônio do prazer -, ou simplesmente permitindo-se esvaziar o reservatório de lágrimas para depois erguer a cabeça e seguir adiante, alguns têm preferido tratar a questão como uma doença, ou seja, tomando remédios.
De acordo com o instituto de pesquisa IMS Health do Brasil, a venda de antidepressivos duplicou entre 2005 e 2009. Mas nem por isso, a população tem se mostrado mais feliz. "Em muitos casos, os remédios não funcionam, possivelmente por terem alcance limitado, uma vez que agem apenas no aumento de certos neurotransmissores do cérebro, como serotonina, noradrenalina e dopamina. Num trabalho recente, a eficácia dos antidepressivos ficou caracterizada apenas nos casos graves", argumenta o psiquiatra Sergio Klepacz, autor de Equilíbrio Hormonal e Qualidade de Vida (MG Editores).

Tristeza e depressão: há como diferenciar?


Allan V. Horwitz e Jerome C. Wakefield, autores de A Tristeza Perdida: Como a Psiquiatria Transformou a Depressão em Moda (Summus Editorial), insistem na separação rigorosa entre tristeza normal e patológica. Enquanto a primeira possui causa real e está associada a experiências de perdas ou outras circunstâncias dolorosas, a segunda, chamada de depressão, não apresenta causa definida ou, se isso acontece, a reação ao problema em questão é desproporcional. Nesse caso, o tratamento amparado em medicamentos é recomendado. O problema é que os dois quadros apresentam sintomas muito parecidos.
Hoje em dia, ser feliz tornou-se uma obrigação. Um desafio que nos impomos a fim de provarmos a nós mesmas e, principalmente, aos outros, que não carregamos uma fraqueza de caráter. "Na luta para evitar a infelicidade, recorremos a qualquer coisa que nos tire dessa condição de fracasso", observa Isleide Arruda Fontenelle, autora de O Nome da Marca: McDonald´s, Fetichismo e Cultura Descartável (Boitempo Editorial). Aparece aqui, então, uma evidente questão de vaidade, somada à dificuldade de lidar com os conflitos. "Na medida em que precisamos parecer o tempo todo felizes, qualquer sinal humano de tristeza já nos coloca na situação do intolerável", completa a estudiosa.
"Precisamos entender que felicidade não é sinônimo de alegria e infelicidade não equivale a tristeza", enfatiza o psiquiatra e psicanalista carioca Luiz Alberto Py, autor de A Felicidade É Aqui (ed.Rocco). Sim, agora as ideias ficaram embaralhadas. Mas esse nó é facilmente desfeito, com um mínimo de lógica e distanciamento. "Alguém pode estar triste e ser feliz ou alegre e ser infeliz. Isso porque a alegria é um aspecto externo, proveniente da relação do indivíduo com o mundo, enquanto a felicidade é fruto da relação consigo mesmo, portanto, um fator interno", esclarece.
Como quem puxa a orelha de uma criança que insiste em cometer o mesmo erro, o psiquiatra ressalta que perseguir a felicidade fora de nós e também nos colocar na posição de vítima só traz mais frustração. "Ninguém está protegido contra a tristeza. Portanto, quando algo nos entristece, podemos aceitar que isso é parte da vida e não acontece exclusivamente conosco." Assim, ele garante, as situações aflitivas podem ser vividas com mais serenidade.

Então, mãos à obra. Trate de encurtar o drama e pare de se debater sem sair do lugar. "Felicidade é algo que se constrói internamente, que tem a ver com estar vivo e compreendendo o valor da vida. É um sentimento que se alimenta das pequenas coisas", define Luiz Alberto.
Uma sugestão: sempre que essa cobrança atormentar você, impedindo que a tristeza aflore, impondo momentos mais introspectivos, lembre-se da frase do Dr. Py: "Podemos buscar a felicidade sem termos de buscar a alegria permanente". O maior conforto desse mantra, segundo ele, é a descoberta de que somos capazes de sobreviver às dificuldades, enfrentando-as e superando-as.


(http://mdemulher.abril.com.br)

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