Saber amar é também uma maturidade
da individualidade. Tomar decisões se casa ou compra bicicleta, ter intuição
para escolher pela simpatia, assumir um relacionamento formalmente e se
comprometer com a escolha. É aí que se encontra o problema do dependente, no
critério de importância entre as coisas. As pessoas costumam ter autonomia de
posicioná-las na ordem de suas necessidades – se são urgentes, de extrema
importância, importantes, de menor importância ou pendências sem importância –
e não de acordo com as necessidades e vontades do outro. O dependente hesita na
decisão do que fazer.
Assim como ele não sabe separar a si mesmo do
outro, tem dificuldades em separar as coisas que são de extrema importância das
coisas importantes e costuma ficar conectado com o que é menos importante. Quem
depende das ações da outra pessoa para seguir em frente com sua vida acaba
sempre atrelando seus anseios à expectativa com relação à decisão de seu
parceiro, o que contribui para frustrações constantes, já que o que ele espera
pode ser totalmente diferente do que o outro deverá oferecer. Quando frustrado,
pesa muito como deveria ter sido, mas não se separa deste outro e não consegue
separar, dentro de si próprio, um critério de escolhas. No fim das contas,
acaba como se não conseguisse dizer não e nem deixar o problema do outro para o
outro mesmo resolver.
A partir daí não se separa do outro, leva a
consolidar uma identidade, circunscrever um perímetro, misturado com o desejo,
o interesse escolhido pela outra pessoa. Ele está sempre ligado às decisões de
seu parceiro, acolhendo-as, mesmo que essas não lhe sejam satisfatórias. O
dependente deve aprender a circunscrever o seu pensamento, sentimento e desejo,
e se posicionar diante do outro: “isso é urgente, já isto não...”, “vou embora,
preciso comer, fica para depois...”, “isto é meu, isto é do outro, isto é
nosso”, “isso é de extrema importância, preciso tomar uma decisão e a partir
disso fazer isso, isso e outros ‘issos’”.
Cabe aqui o velho jargão de ser o personagem
principal de sua história! A partir daí o dependente vence a vida. Se você é um
dependente, deve estar pensando neste momento: “Putz, será?” “E se eu tomasse
essa decisão?” “Hum, mas está vendo? Era pra ser meu aquilo.” “Mas é importante
ou não é? Isso é meu ou do outro?”. E nessa hesitação, com medo de perder, ter
a coragem de se circunscrever, fica duvidoso em continuar. Algo a se fazer é
pensar desta maneira: se errar, devo reparar; se cair, levantar rápido. Seja
doce ou amargo, melhor o fruto próprio plantado e colhido que o bagaço do outro
suado e ingrato.
(http://metadeideal.uol.com.br)
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