Amar Demais... Um Erro!

Amar Demais... Um Erro!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Encontrei esse texto num grupo que participo... É perfeito!


“Relacionamentos acontecem. Você não precisa força-los. Tampouco apressá-los. Pessoas ficam juntas porque querem, no momento em que decidem juntas. Querer já é muito e ajuda a eliminar algumas dúvidas. As dúvidas existem porque pensamos nelas. E tudo está sujeito ao engano. É incontrolável. Como evitar cair em relações de dependência? Seja responsável por você: pensamentos, sentimentos e atos. Parece banal, mas não é. Não tente impor ao outro sua responsabilidade com relação a você mesmo. Ele gosta de você, mas não é tão responsável por você assim. Você responde por você, ele responde por ele. Amor não se cobra. Atenção também não. Carinho muito menos. Tenha isso em mente. Não tenha a obrigação de corresponder às expectativas do outro em todos os momentos. Ele as criou. Não o obrigue a corresponder às suas expectativas em todos os momentos. Você as criou. A moeda da culpa é muito alta. Não se culpem à toa. Não usem chantagens baratas, usem as mais elaboradas, em momentos oportunos. Não somos animais de estimação: não tentem se domesticar. Não somos animais selvagens: não tentem se enjaular. Não estejam nem queiram estar presentes na vida um do outro o tempo todo. Ninguém nasce com duas sombras. E quando estiverem longe, não se liguem toda hora. Todo mundo pode esperar. Na vida é bom saber detectar o que é urgência de fato. O resto é controle. Não ligue antes de dormir para saber onde ele está com a desculpa “só liguei pra dar boa noite”. Você não é mãe dele e vocês não têm 12 anos. Só liguem quando quiser, ou precisar, e não porque ele quer que ligue. Não deixem que os monstros da comunicação instantânea assombrem. Um SMS não respondido imediatamente, uma ligação sem retorno, ficar um dia sem se falar: não foi nada! Vocês não precisam checar o celular um do outro, fuçar as redes sociais, ter acesso aos e-mails pessoais. Quem inventou essa loucura? Não se controlem a ponto de ficarem com preguiça de se ver. Não aceite ser a polícia, o juiz ou o algoz de que você gosta. Sejam, menos ainda, vítimas um do outro. Não façam planos vitalícios com ninguém. E não se culpem por isso. Conversem sobre tudo, mas não discutam todos os lados da relação sempre. Incentivem-se, mas não virem o senso de direção um do outro. Não faça surpresas demais, não agrade demais. Ele não é seu filho único. Repito, que se vocês estão juntos é porque querem estar. Isso já é tão belo. Tenha assuntos e amigos pessoais, ele não deve ser seu único assunto e interlocutor. É sempre bom ter o que fazer na vida. Trabalho e lazer. É recomendável ter muitas coisas para pensar, como ideias e viagens. Hoje você vai sair sem ele e tudo bem. Amanhã ele vai viajar sem você e tudo bem. Hoje você vai encher a cara com seus amigos. É sempre bom. Depois de amanhã vocês podem ir ao cinema juntos! Então saibam se divertir juntos. E saibam se divertir um sem o outro. Não se violentem. A tortura é uma técnica menor. Pode dormir na casa dela, mas lembrem-se: você não mora lá. Pegação não é flerte. Flerte não é paixão. Paixão não significa romance. Romance não é namoro. Namoro não é casamento. Casamento não é virar uma pessoa só. Duas bocas, oito membros, duas cabeças, dois corações, dois organismos que só se comunicam com o mundo usando verbos na primeira pessoa do plural. Isso é mutação. Briguem por motivos reais. Tenham ciúme por motivos reais. 90% dos casos os motivos não são reais. Você tem passado. Ele tem passado. Ciúme do passado é motivo irreal. Você tem seus segredos. Ele tem os segredos dele. Respeitem-se. Aprendam a ensinar que respeito não envolve hostilidade. Tudo isso não quer dizer que ele tem outra pessoa, que você se apaixonou por outra pessoa ou que vocês se gostam pouco. Tudo isso vai fazer vocês gostarem mais um do outro. Antes de você existir na vida dele ele já existia. Existir não é tarefa fácil. Tem que deixar a existência arejada, sempre, pra poder existir ao lado de alguém. Mais disposto e com mais vontade. Que bom que você chegou na vida dele. Mas ele não nasceu de novo. Tudo vai se adaptar ao novo cenário.Tenham paciência. É exercício. Tentem cortar as ilusões de domínio: não funcionam com territórios, não funciona com conhecimento, nunca vai funcionar com pessoas. Isso adia os finais trágicos das relações possessivas. E torna as relações mais inspiradoras. Essas duram mais. No pós-romance as pessoas não precisam explicar tanto. Elas estão juntas porque querem. Isso basta. Fim.”
— Pedro Bial

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Afetos Impossíveis

Conheço um sujeito que se apaixonou pela cunhada. Um dia começou a pensar nela antes de dormir. Pouco depois, percebeu que não via a hora de encontrá-la nas reuniões de família. Não que fosse uma beldade, ele me disse. Era apenas uma gordinha brejeira, diferente da pálida elegante que ele namorava. De tanto desejar a mulher do irmão, começou a imaginar que ela também o queria. Achou que percebia olhares, sorrisos, raspões de corpo na porta da cozinha. Um dia, meio bêbado no almoço de domingo, na casa dos pais, teve certeza de que ela tocava os pés dele embaixo da mesa. Uma loucura. 
Como não era personagem do Nelson Rodrigues, nem a vida dele uma tragédia suburbana, num dado momento o surto passou, antes que ele tivesse tempo de fazer qualquer loucura. De alguma maneira, percebeu que, em vez paixão, o que estava sentindo era puro assanhamento - explicável, em boa medida, pelos problemas dele com a namorada. Quando as coisas recomeçaram a funcionar na intimidade dele, a cunhada voltou a ser apenas a mulher sorridente e carinhosa que sempre fora. 
Por trás dessa história inofensiva existe algo que eu chamo de “afetos impossíveis”. O alvo desses sentimentos insolúveis pode ser qualquer pessoa, mas a situação é sempre a mesma: uma fantasia amorosa invade a nossa consciência e ocupa o espaço da vida real. Em vez de mandá-la para o ralo dos devaneios inconfessáveis, nós abraçamos a aberração. Então os problemas começam. 
Há homens maduros que se apaixonam pela filha do vizinho. Há professoras que ficam obcecadas por alunos adolescentes. Há garotas transtornadas por outras garotas que nada querem com elas. Até gente enamorada do amigo ou da amiga cabe nessa definição. O que liga todos esses casos é a ausência de esperança. O que os torna parecido é o fato de esporem os caprichos do nosso desejo. 
Nós queremos tudo, o tempo inteiro. Afeto, sexo, admiração, objetos. É um milagre de sanidade que a máquina de querer que somos nós consiga estabelecer com o mundo – e com outras pessoas transbordando de vontades – alguma relação civilizada. Na maior parte do tempo, mantemos sob controle o aparato desenfreado de querer. Aplicamos sobre ele o duro princípio da realidade. Eu quero, mas Fulana não quer. Eu tenho vontade, mas não posso. Já tentamos e não deu certo. São mecanismos racionais de defesa que funcionam. Secretamente ainda queremos, mas esses mecanismos nos ajudam a socar a vontade inconfessável no porão da alma, lá embaixo, onde só entramos escondidos uma vez por ano, geralmente bêbados. 
Quando permitimos que uma vontade assim escape do porão ela vira um afeto impossível, espécie de Godzila emocional destruindo o centro de Tóquio, que somos nós. Desejo pela cunhada, paixão pelo amigo gay, o impulso de procurar aquela mulher que agora está casada com dois filhos. Que tal escrever, de novo, para aquela pessoa que trata você como lixo? Ou reatar o romance destrutivo que pôs à mostra o que há de pior em você? 
Não é preciso ser tabu para ser um afeto impossível. Cada um de nós conhece melhor que ninguém o rosto do seu mostro e os contornos do porão sombrio de onde ele saiu. São desejos sem correspondência na realidade. Autoindulgências perigosas. Situações trágicas, no sentido de que o seu desfecho é mais ou menos inevitável desde o início. Coisas que nos machucam, e, no limite, são capazes de nos destruir. Quem se concede esse tipo de fantasia está fadado a dar com os burros n’agua 9,5 em cada 10 vezes. Mas muitos insistem em tentar. 
Afinal, hoje em dia vivemos para realizar os nossos desejos. Acreditamos que a satisfação das nossas fantasias é a única forma de felicidade - na vida material e nas relações afetivas. Em vez de cultivar o senso de proporção e de realidade, agimos, na vida amorosa, como consumidores afoitos para quem tudo está disponível. Acreditamos no triunfo do desejo mesmo que ele dispute com a lei da gravidade. 
Pois eu acho que os limites existem. Cunhada não pode, filha do vizinho é demais, gente maluca não dá. Quem apenas nos faz sofrer está fora da lista, paixão platônica por amigos é burrice, dependente químico precisa de médico. Nem tudo que desejamos é legítimo, afinal. Nem tudo pode. Um dia temos de aprender a dizer não para nós mesmos e olhar os erros de frente. Aprender com as decepções. Em vez de ilusão, realidade. Em vez de devaneio, mundo real. Os afetos impossíveis resultam em boas histórias do Nelson Rodrigues – mas são histórias que ninguém quer levar na própria biografia. 
(Por Ivan Martins http://epoca.globo.com)

terça-feira, 30 de julho de 2013

Minhas Queridas!!!


Queridas amigas e leitoras deste blog,  eu gostaria de agradecer a todas por lerem o blog, e fazer com que vocês se sintam um pouco melhor com algumas leituras encontrada aqui.
Esse blog foi criado em 2011 depois que levei um pé na bunda com a ajuda da minha amiga Fádhia, e também agora com a colaboração da minha amiga Gisele.
Ultimamente não tenho postado, porque me mudei pra Salvador e ainda estou sem computador em casa. Mas todas as solicitações de pedidos de livros eu recebo no meu e mail e envio assim que eu leio.
Este blog serve para reunir os mais variados temas sobre mulheres e amor de um modo geral, algumas coisas eu escrevo, outras eu pesquiso na internet e posto aqui.
Fiquem a vontade para me mandar e mail se quiserem conversar ou desabafar, meu e mail é andrezacavalera@hotmail.com
Um beijo a todas e não esqueçam:  Só Por Hoje!


Andreza Cavalera.

quinta-feira, 25 de julho de 2013


Distimia


Distimia é um tipo de depressão crônica, de moderada intensidade. Diferentemente da depressão que se instala de repente, a distimia não tem essa marca brusca de ruptura. O mau humor é constante. Os portadores do transtorno são pessoas de difícil relacionamento, com baixa auto-estima e elevado senso de autocrítica. Estão sempre irritados, reclamando de tudo e só enxergam o lado negativo das coisas. Na maior parte das vezes, tudo fica por conta de sua personalidade e temperamento complicado.

Sintomas
O principal sintoma é a irritabilidade, mas existem outros:
* Mau humor;
* Baixa auto-estima;
* Desânimo e tristeza;
* Predominância de pensamentos negativos;
* Alterações do apetite e do sono;
* Falta de energia para agir;
* Isolamento social;
* Tendência ao uso de drogas lícitas, ilicítas e de tranquilizantes.
Diagnóstico
O diagnóstico é eminentemente clínico. O dado mais importante a considerar é a manifestação dos sintomas durante pelo menos dois anos consecutivos.
Via de regra, os portadores de distimia desenvolvem concomitantemente episódios de depressão grave. Quando se recuperam, porém, retornam a um patamar de humor que está sempre abaixo do nível normal. A maior dificuldade é que raramente se dão conta do próprio problema. Acham que o mau humor, a falta de prazer e interesse pelas coisas e a tristeza que não dá trégua fazem parte de sua personalidade e do seu jeito de ver o mundo, e quase nunca procuram ajuda.
Diagnosticar o transtorno precocemente e introduzir o tratamento adequado é de extrema importância, uma vez que por volta de 15% a 20% dos pacientes tentam o suicídio.
Prevalência
A distimia pode aparecer na infância ou numa fase mais tardia da vida. O mais comum, porém, é que surja na adolescência. Há evidências de que muitos idosos já tinham manifestado sinais do transtorno na adolescência.
Na infância, acomete igualmente meninos e meninas. Depois, é mais prevalente nas mulheres do que nos homens.
Tratamento
A associação de medicamentos antidepressivos com psicoterapia tem apresentado bons resultados no tratamento da distimia. Isoladamente, um e outro não funcionam a contento. Embora os antidepressivos corrijam o distúrbio biológico, o paciente precisa aprender novas possibilidades de reagir e estabelecer relações inter-pessoais.
A psicoterapia sem respaldo farmacológico é contraproducente, porque cobra uma mudança de comportamento que a pessoa é incapaz de atingir por causa de sua limitação orgânica.
Recomendações
* Se você conhece alguém sempre de mau humor, irritado, pessimista, considere a possibilidade de que seja portador distimia, um distúrbio do humor para o qual existe tratamento, e tente convencê-lo a procurar assistência médica;
* Fique atento: a distimia, assim como a depressão clássica, pode acometer crianças e adolescentes. Às vezes, esses transtornos estão camuflados atrás do baixo rendimento escolar, do comportamento anti-social e do temperamento agressivo que não conseguem controlar;
* Se, nos últimos dois anos pelo menos, seus amigos e parentes têm comentando que você anda de cara amarrada, irritado, descontente com tudo e com todos, esteja certo de que isso não é normal, procure um médico;
* Não subestime os sintomas da distimia. Para aliviar os sintomas, é comum o paciente recorrer ao uso de drogas e de tranqüilizantes. Em 15% a 20% dos casos, surge ideação suicida;
* Não se engane: não atribua ao envelhecimento, a casmurrice, o mau humor e as queixas do idoso que só reclama e não quer sair de casa. A distimia pode acometer pessoas na terceira idade;
* Mantenha a adesão ao tratamento farmacológico e à psicoterapia. Os medicamentos ajudam a corrigir o problema físico e a  psicoterapia, a aprender novas formas de relacionamento.
(http://drauziovarella.com.br)

quinta-feira, 18 de julho de 2013


Tirinha


Livro - Escravas de Eros - Como Erguer Sua Autoestima e Se Libertar de Homens Complicados - Taty Ades



Este livro busca, através de uma linguagem de fácil compreensão, desvendar o processo da codependência afetiva nas mulheres. Este é muito doloroso e, às vezes, sem saber de onde ele surge, prosseguimos com nossas vidas atadas às pessoas problemáticas, sem ao certo entendermos o porquê e como fazer para nos desvencilharmos delas. Através de histórias reais e romanceadas, aprenderemos a identificar se existe esse padrão de comportamento em nós e, em caso afirmativo, como nos livrar deles. Helena, nossa protagonista, coloca um anúncio no jornal em busca de homens problemáticos para relacionamento sério e certamente encontrará vários. Descubra você mesma uma possível Helena latente em você e saiba como resolver seus conflitos junto com a nossa heroína. Nenhuma mulher suporta ser espancada, certo? Errado! Suportar difere muito do conceito de gostar, mas se suportamos homens doentes e problemáticos em nossas vidas, por que será que fazemos isso? Espero que você descubra e que esse seja o seu primeiro passo para conseguir uma vida saudável, com um homem sadio e merecedor do seu amor. O amor é incrivelmente belo, e saber amar, incrivelmente difícil!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Livro - Mães que Amam Demais - Frederico Mattos


O livro "Mães que Amam Demais" do psicólogo Frederico Mattos trata de uma realidade muito comum em muitas famílias: mães superprotetoras.
Descreve 20 características de uma mãe que sem saber pode estar aprisionando as melhores qualidades de seus filhos em nome de um amor apegado, dependente e exagerado. Questiona 9 mitos sobre o amor de mãe, o papel do pai no conflito e como os filhos se sentem ao lado dessa mulher que deu a vida em nome deles.
O livro começa: "Se toda mulher gostaria de encontrar o homem perfeito agora que se tornou mãe ela vai tentar o impossível. Para a criança isso pode custar caro demais.”
Finalmente dá valiosas dicas de como essas mulheres encontrarão um caminho de felicidade pessoal que liberte toda a família dos dramas do amor exagerado.

Eles amam demais: 3 histórias de homens que procuraram tratamento para amores doentios


Começam a surgir no Brasil grupos que acolhem os românticos patológicos e dão apoio. Nesses encontros, eles compartilham dolorosas histórias de submissão e humilhação sofridas enquanto viviam um relacionamento amoroso.


Werther é o nome fictício de um vendedor de livros paulistano de 32 anos. Ele pediu para ser identificado ao longo desta reportagem com esse pseudônimo, em alusão a um dos mais emblemáticos personagens românticos da história da literatura, o protagonista do livro O Sofrimento do Jovem Werther, do alemão Johann Wolfgang von Goethe, lançado em 1774. O romance, que segundo estudiosos tem traços autobiográficos, traz depoimentos sobre o exagerado amor que o rapaz sente por uma moça casada, Charlotte. Ao se dar conta de que a amada nunca será sua, Werther se suicida. O Werther brasileiro escolheu tal nome por identificar-se com o personagem. “Todas as vezes que me envolvo emocionalmente com uma mulher, me dou mal”, diz o rapaz tímido, tamborilando os dedos, af lito, na mesa de um café em São Paulo.
Nosso Werther, que só concordou em posar para a foto desta reportagem sem mostrar o rosto, teve sua primeira namorada aos 10 anos, mas experimentou uma paixão de verdade aos 12. No dia da sua festa de aniversário, a menina lhe deu um presente às avessas. “De repente, ela estava beijando meu amigo na minha frente”, conta. “Fiquei apenas triste, nem consegui sentir raiva dela.” Namoro terminado, ela mudou de escola e ele deixou de vê-la. Namorou outras tantas vezes, mas diz que não conseguia envolver-se tão profundamente. Quando tinha 16, a ex-paixão dos 12 anos mudou-se com a família para o bairro onde Werther morava. Ao reencontro, sucederam-se visitas de um ao outro e muitas tardes lado a lado. Até que o primeiro beijo aconteceu – e logo Werther se viu perdido de amor novamente. Mas, se para ele era um namoro, para ela não passava de aventura. Em um fim de tarde em que eles estavam conversando na porta da casa dela – sentados meio longe um do outro –, um homem, lá pelos seus 30 anos, desceu do banco de carona de um carro, parou diante da casa e convidou a menina para uma festa que começava naquele momento. Ela aceitou, se despediu de Werther com um aceno e desceu a ladeira da rua de mãos dadas com o desconhecido. “Aquela cena nunca mais saiu da minha cabeça. E, depois disso, virei uma pessoa triste”, diz. Os dias se seguiram sem que Werther soubesse que aquele rapaz com quem a amada partira era, na verdade, o noivo dela e que o casamento já estava marcado. Também não desconfiava que o rapaz que o perseguia e até tentara atropelá-lo várias vezes era o noivo traído. A perseguição chegou a tal ponto que os pais de Werther tiveram de intervir. Ao chegar em casa em um domingo, Werther se deparou com os personagens da trama no sofá de sua sala: a amada, a mãe dela, o noivo. Foi ali que soube de toda a verdade – e viu a tal namorada pela última vez. Todas as histórias amorosas de Werther que vieram depois têm enredo parecido. Em geral, ele sente um amor intenso e platônico por mulheres comprometidas que não lhe dão reais chances de envolvimento. “Amo tanto que sou capaz de deixá-las livres”, justifica-se. Mas é justamente esse sentimento excessivo que as oprime e espanta. “Quando me declarei para a última por quem me apaixonei, ela disse que o que eu sentia era demais para ela”, lembra Werther. “Dois séculos atrás, eu seria um poeta. Hoje, sou um doente.”
Há cerca de quatro meses, ele foi procurar uma terapeuta para tratar do que descobriu ser um mal contemporâneo. Werther sofre de amor patológico, na classificação dos psiquiatras. Ou seja, é um típico “hade”, ou homem que ama demais. Assim como suas correspondentes femininas, as “madas”, mulheres que amam demais, os hades têm um modo bem específico de se relacionar. “Para eles, amar o outro demais é amar-se de menos. Não importa o sexo, aqueles que se enquadram nesse perfil têm autoestima baixa e depositam todas as energias e expectativas no outro, pois, sozinhos, não se bastam”, analisa a psicanalista Taty Ades, autora de Hades – Homens Que Amam Demais (Editora Isis). “Assim, acabam procurando relações nas quais se tornam dependentes emocionalmente dos parceiros.”
Grupos de autoajuda de mulheres que amam demais já são antigos no Brasil. Mas ainda está começando a onda daqueles que acolhem homens dispostos a compartilhar suas experiências de relacionamentos destrutivos. A maior entidade que hoje os abriga e trata é a Codependentes Anônimos, que gerencia grupos em várias igrejas católicas do país. Nessas reuniões, homens e mulheres dividem histórias sobre relações tóxicas de todos os tipos. Pode ser um filho de uma mãe controladora, uma mulher que tem a vida cerceada pelo marido e também homens extremamente submissos e dependentes da mulher. Na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, há um grupo voltado especificamente para o atendimento de homens e mulheres que amam demais. “Começamos nosso trabalho com dependentes químicos e percebemos que, muitas vezes, são as dependências emocionais que levam as pessoas às drogas e ao álcool”, afirma Victor Paulo Ramon, coordenador do projeto. Durante as primeiras seis semanas, homens e mulheres frequentam grupos diferentes – depois, se misturam. Segundo Victor, isso acontece porque eles se sentem intimidados na presença delas. “Até podem se abrir e chorar na frente de outro homem, mas não na frente de uma mulher”, diz ele.
Um dos fatores que ajudam a explicar a existência dos grupos de hades é o aumento do poder das mulheres na sociedade brasileira, que vem mexendo profundamente com os conceitos de masculinidade. Essa ascensão feminina está tirando os homens do seu posto soberano, o de provedor do lar, e minando, como consequência, a autoestima deles. Hoje, 37,4% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres, quase o dobro de 15 anos atrás. Outro ponto é que, mais educadas e ricas – e portanto mais livres –, já que estudam mais e trabalham em boas posições, elas ficaram mais exigentes. “As queixas relacionadas à vida amorosa estão entre as maiores angústias masculinas hoje”, diz o psiquiatra e psicanalista Luiz Cuschnir, especialista em questões masculinas. “Eles não conseguem atender às expectativas delas e se frustram.”
Além disso, o macho contemporâneo não demonstra mais tanta resistência ao falar dos próprios sentimentos – em particular, entre iguais – como no passado. “Está se permitindo desabafar mais e adota um discurso de paixão e dependência que, até poucos anos atrás, era tipicamente feminino”, explica a psicanalista Taty. Embora existam reuniões que podem frequentar, o principal espaço de encontro dos caras que sofrem de amor patológico é a internet. A comunidade do Orkut “Hades – Homens que amam demais” tem 2,7 mil membros e uma descrição: “Eles são humilhados, se culpam e sofrem, mas sempre justificam as atitudes da amada”. Os integrantes da comunidade contam como se sentem ao longo do dia e trocam mensagens motivacionais. Também há fóruns de discussão que cumprem igual papel.
Foi pesquisando na rede que o fotógrafo paulistano Maurício*, 49 anos, se descobriu um hade. Separado duas vezes, coleciona histórias de humilhação por parte de companheiras. Segundo conta, sua primeira mulher ganhava bem e ele, freelancer, ficava sem dinheiro em algumas épocas do ano. “Ela fazia questão de tornar pública minha miséria”, afirma. “Uma vez, fomos tomar sorvete com a família e eu não tinha um centavo no bolso. Pedi a ela que pagasse minha conta, de 4 reais, e ela se negou. Começou a gritar que, se eu não tinha dinheiro, que não tomasse o sorvete”, lembra Maurício, confessando que havia até agressão física em certas ocasiões. “Ela me batia. Quando ficava nervosa, me dava uns tapas.” Maurício decidiu pôr fim ao casamento quando a falta de respeito chegou a um ponto que considerava inaceitável: “No dia em que quitou nosso apartamento, abriu um espumante e disse que precisava conversar. Sacou um contrato de aluguel e falou que eu deveria pagar para ela todo mês”. Maurício saiu de casa.
Quatro dias depois, ele conheceu sua segunda mulher, 20 anos mais nova. “Foi paixão à primeira vista. Os sininhos divinos tocaram quando nos vimos e logo fomos morar juntos”, afirma. Maurício conta que os primeiros quatro anos do relacionamento foram saudáveis, até que ela fez uma viagem para o exterior. Lá, se apaixonou por um brasileiro e teve um caso com ele. Quando, à distância, Maurício descobriu a traição, a hoje ex pediu desculpa e disse que o amava. Perdoou. Mas ela voltou a se encontrar com o amante. Maurício descobriu novamente e a perdoou outra vez, desde que voltasse para casa. “Fui buscá-la no aeroporto com um balão em formato de coração e uma caixa de bombons. Quando ela saiu do saguão do desembarque, me deu um beijo no rosto e falou que estava cansada e queria ir para casa. Chegando lá, foi tomar banho. Entrei no chuveiro para fazer sexo oral nela e fui impedido. Disse: ‘Não faça isso. Transei com ele hoje de manhã’ ”, conta. Maurício chorou, gritou e xingou, mas perdoou a mulher outra vez. Quinze dias depois, f lagrou uma ligação para o tal amante no exterior. Perdoou de novo e a relação durou outros quatro anos. “No fim, não transávamos, ela não falava aonde ia e não atendia meus telefonemas.” Em 2012, ela terminou o casamento. “Fiquei surpreso, pois dizia que me amava.” Agora, namorando uma médica há um mês, ele torce para que a relação seja diferente.
Estudiosos dos hades são unânimes quanto à origem da carência emocional. Em geral, esses homens tiveram relações complicadas com a mãe e transferiram o complexo para a vida amorosa. “É um vício, e eles repetem o padrão”, afirma Taty. “Diferentemente das madas, que costumam se ater a um só homem e ter uma relação doentia com ele, os hades acabam dependendo de diferentes parceiras ao longo da vida”, completa Victor Paulo. Werther, o vendedor de livros paulistano, teme estar se apaixonando novamente por uma conhecida, de quem sabe apenas o nome. “Vai começar tudo de novo, estou prevendo”, diz, com os olhos cheios d’água.
(Por Maria Laura Neves http://claudia.abril.com.br)

sábado, 13 de julho de 2013

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